La Révolution haïtienne n'a jamais été aussi proche de la classe seigneuriale esclavagiste brésilienne. Moins d'un an après la proclamation de l'indépendance de l'île [Haïti, ndlr], à Rio de Janeiro, des soldats noirs portaient des médaillons avec le visage de Dessalines. En 1814, après un soulèvement d'esclaves à Salvador, les commerçants ont dénoncé que les esclaves parlaient ouvertement d'Haïti et criaient dans les rues de Salvador: "Liberté! Vive les noirs et leur roi!" et "Mort aux blancs et aux mulâtres", dans une allusion claire à la Révolution haïtienne.
En 1824, lors de la révolte régentielle, connue sous le nom de Confédération d'Équateur, le bataillon des Pardos, avec la pauvre population locale, décida d'attaquer les marchands portugais de la ville, chantant le refrain suivant :
“Imitons Christophe, cet Haïtien immortel, Eia, imitons son peuple, mon peuple souverain”, faisant référence à Henry Cristophe, l'un des généraux de Toussaint L'ouverture. Dans cet épisode, le fait que le commandant du bataillon, après avoir fui Recife, se soit réfugié en Haïti en 1826.
En 1831, la présence de noirs de l'île de Saint-Domingue [Haïti, ndlr] à Rio de Janeiro a été signalée. Dans cette même ville, quelque temps plus tard, il a été rapporté l'existence d'un Haïtien nommé Moiro et qui, selon les dénonciateurs, invitait les esclaves des villages de Bananal, Areia, Barra Mansa et São João Marcos à se soulever. Le plan comptait déjà sur environ sept mille esclaves. L'Haïtien a été arrêté, n'a pas nié les accusations selon lesquelles il appelait les esclaves au soulèvement, disant cependant que c'était une “blague”. Même avec un tel argument, les autorités provinciales ont demandé son expulsion du pays.
Versão original do artigo em português
A Revolução Haitiana nunca esteve tão próxima da classe senhorial escravista brasileira. Menos de um ano depois de proclamada a independência da ilha, no Rio de Janeiro soldados negros usavam medalhões com o rosto de Dessalines. Em 1814, após uma sublevação escrava em Salvador, os comerciantes denunciavam que os cativos falavam abertamente sobre o Haiti e gritavam pelas ruas de Salvador: “Liberdade! Viva os negros e seu rei!” e “Morte aos brancos e mulatos”, numa clara alusão à revolução haitiana.
Em 1824, durante a revolta regencial, conhecida como Confederação do Equador, o Batalhão dos Pardos, junto à população pobre local, resolveu atacar os comerciantes portugueses da cidade, cantando o seguinte refrão: “Qual eu imito Cristóvão, Este imortal haitiano, Eia, imitai seu povo, O meu povo soberano”, fazendo referências a Henri Cristophe, um dos generais de Toussaint L’Ouverture. Neste episódio, também merece destaque o fato de que o comandante do batalhão, depois de fugir de Recife, refugiou-se no Haiti em 1826.
Em 1831, noticiava-se a presença de negros da ilha de São Domingos no Rio de Janeiro. Nesta mesma cidade, algum tempo depois foi denunciada a existência de um haitiano que se chamava Moiro e que, segundo os denunciantes, estava convidando os escravos das vilas do Bananal, Areia, Barra Mansa e São João Marcos para se insurgirem. O plano já contava com cerca de sete mil escravos. O haitiano foi preso, não negou as acusações de que estava chamando os escravos para a insurreição, dizendo, entretanto, tratar-se de uma “brincadeira”. Mesmo com tal argumento, as autoridades provinciais pediram a sua expulsão do país.
Extrait de l'article São Domingos, o grande São Domingos”: repercussões e representações da Revolução Haitiana no Brasil escravista (1791 – 1840) de Washington Santos Nascimento.